Cirurgias Minimamente Invasivas em Crianças

O que é cirurgia minimamente invasiva?

A cirurgia minimamente invasiva é um conjunto de medidas que visa minimizar a agressão causada pelo ato cirúrgico ao corpo, diminuindo as incisões necessárias e proporcionando uma melhor e mais rápida recuperação dos pacientes.

História

Desde o século XIX vêm sendo desenvolvidas formas de acessar o interior dos pacientes sem a necessidade de realizar-se grandes incisões. Apenas  a partir dos anos 80 as intervenções endoscópicas deixaram de ser apenas procedimentos diagnósticos e a possibilidade de realização de cirurgias com essa abordagem, através de microcâmeras e pinças especiais, delicadas passou a ser realidade.

Dr Kurt Semm foi o pai das cirurgias endoscópicas desenvolvendo diversos instrumentos e técnicas e, em 1983, realializando a primeira apendicectomia videolaparocópica. Nos anos seguintes diversas técnicas e equipamentos foram desenvolvidos e a partir dos anos 90, conforme instrumentos mais delicados foram sendo criados, a cirurgia videolaparoscópica pediátrica passou de inovação a técnica segura e com benefícios reconhecidos para os pacientes.

Quais cirurgias são possíveis?

Hoje, com o treinamento correto, quase todos os procedimentos intracavitários realizados em crianças pode ser reproduzido por videolaparoscopia (abdominal) ou videotoracoscopia (torácica).

Em cirurgia pediátrica as cirurgias mais frequentemente realizadas por vídeo são:

Colecistectomia: Retirada da vesícula biliar em pacientes com cálculos

Apendicectomia: Retirada do apêndice em pacientes com apendicite aguda

Orquidopexia: Localização e tratamento de testículos intra-abdominais

Fundoplicatura:  Tratamento de doença de refluxo gastroesofágico

 

Esplenectomia: Retirada do baço, principalmente em pacientes com anemias hemolíticas como a anemia falciforme

Descorticação Pulmonar: Tratamento de pneumonias complicadas

Aderências pós-operatórias

Quais são as vantagens em relação às cirurgias convencionais?

  • Melhor resultado estético;
  • Menor dor no pós-operatório;
  • Menor sangramento;
  • Menor taxa de aderências pós-operatórias;
  • Menor taxa de infecção pós-operatória;
  • Menor tempo de hospitalização;
  • Retorno mais rápido às atividades.
Ferida operatória de apendicectomia convencional
Apendicectomia videolaparoscópica por orifício único: futura cicatriza não aparente

Quais são as contraindicações?

  • Doença pulmonar ou cardíaca grave;
  • Doenças intestinais que causem grande distensão;
  • Coagulopatia;
  • Peritonite;
  • Massa abdominal volumosa;
  • Celulite em parede abdominal;
  • Aderências de cirurgias prévias (?);

Complicações

As principais complicações são relacionadas ao momento de introdução dos primeiros canais de trabalhos em que a não observação da técnica correta pode gerar lesões de órgãos e estruturas vasculares. Tais complicações são raras e quase que totalmente evitáveis com treinamento correto dos cirurgiões e o conhecimento da anatomia.

Treinamento

Desde o pioneirismo dos anos 80 e 90, diversas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas e rapidamente difundidas pelo mundo. Atualmente, além de fazer parte da formação das gerações mais jovens de cirurgiões pediátricos, diversos centros de treinamento oferecem aperfeiçoamento em cirurgia minimamente invasiva pediátrica, como o IRCAD, com sede na França e desde 2011 possui unidade no Brasil.

O treinamento em simuladores é também muito importante para o desenvolvimento da habilidade manual do cirurgião e possibilitar o planejamento e reprodução da técnica no paciente.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (SOBRACIL), além de promover diversos congressos, simpósios e treinamentos na área, é responsável por conceder certificado de qualificação em videocirurgia a cirurgiões habilitados. Através do seu site é possível realizar pesquisa dos sócios.